quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Memórias 16: O olhar da tutora

Iniciamos o dia a dinâmica de pscomotricidade e movimento. Logo após fizemos a leitura do Diário de Bordo. Sem seguida passamos para o socialização de experiências. Trabalhamos com o texto de Rubem Alves: “Meu coração fica junto ao coração dela”. Fizemos então a sistematização do fascículo 7. Encerramos com a dramatização do “Palhaço Cocoricó” para refletir acerca da construção reflexiva da ortografia.
O Palhaço Cocoricó e as letras “S” e “C”




 
Personagens:
Palhaço Cocoricó
Letra C
Letra S
Letra E
Letra I
O Palhaço vem vestido com as roupas típicas de palhaço de circo. Pode ser
interpretado pela professora, por outro adulto ou por uma das crianças.
As letras serão interpretadas por crianças. Para sua caracterização as crianças
poderão usar camiseta branca com o desenho colorido da respectiva letra
feito com fita adesiva ou em cartolina.O Palhaço entra fazendo cocoricó e batendo com as mãos no quadril,
Palhaço Cocoricó (PC): Ei vocês aí, vamos parar de brigar. Digam lá, o que aconteceu
que deixou vocês tão zangados?

As letras C e S dão um passo à frente e dizem

Letra C:  Eu sou a letra C.
Letra S: Eu sou  letra S. A letra S é muito metida, ela quer aparecer em todas as palavras.

Letra C: 
Você que é metida letra S. Comigo podemos escrever muitas palavras.
Vem aqui meu amiguinho I (abraça a letra I). Junto com o I podemos escrever
circo, cineminha, bicicleta, cidade, e muitas outras palavras. Junto com o E
(abraça a letra E) escrevemos Cebolinha, aquele menino que troca letras, vocês
sabem: ”vou blincar com a Mônica. Depois vou coler pla pegar o Cascão”.

Silêncio! Deixe de contar vantagem, Letra C. Com minha amiguinha E
Letra S:
(abraça a letra E) escrevemos semana, e também sete e setenta e setecentos...
Com minha amiguinha I (abraça a letra I) posso escrever sinuca e até a sinusite
da minha vó.
 
 Palhaço Cocoricó (PC): (Para as crianças) Parabéns crianças, com tantas palavras aqui, o S e o C não precisam brigar mais. Venham fazer as pazes.

As letras C e S se adiantam e cantam: Pirulito que bate-bate, pirulito que já
bateu, quem gosta de mim é ela, quem gosta dela sou eu.

 Então, antes de ir embora, vamos cantar todos juntos:
Palhaço Cocoricó (PC):
Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar...



Enquanto todos cantam, o PC rege o coro como um maestro e as quatro letras
brincam de roda.
FIM.






Palhaço Cocoricó (PC): Quem são vocês? Por que vocês estão brigando? Eu sou o 
Palhaço Cocoricó, muito prazer! Coisa feia ficar brigando!

(As letras continuam a encenar uma briga. O Palhaço volta a insistir)

Memórias 15: O olhar da tutora


Iniciamos o encontro com a leitura do Diário de Bordo. Em seguida realizamos a dinâmica dos balões, que tem por objetivo compreender a importância do trabalho  de grupo, da parceria, do equilíbrio e  da “Cultura de Pares”.  Sem seguida realizamos a leitura do texto: “O vôo da Asa Branca” de Dioney Moreira Gomes,,  que em por objetivo refletir sobre as variáveis do Português Brasileiro. Assistimos aos vídeos “Chico no Shopping” e “Na roça é diferente”. Refletimos sobre diferenças culturais, sociais, políticas e linguísticas. Bem como sobre os conceitos de oralidade, escrita, preconceito e tolerância. Logo após assistimos ao vídeo do Programa: “Modos de Falar/Modos de Escrever”, ressaltando os conceitos abaixo:

Texto (oral/escrito)
Contexto
Hipertexto (referências a outros textos)
Infratexto ( o que está nas entrelinhas)
Interação social
Domínios sociais
Interação face-a-face
Dêitico de tempo (ontem, hoje, amanhã, antes de ontem)
Dêiticos de espaço (aqui, ali, lá)

A palavra “ontem” é um dêitico,
isto é, só faz sentido em relação
ao contexto em que a fala está
sendo produzida. No caso que
estamos vendo, só faz sentido em
relação ao dia de “hoje”. Na
conversa, era apropriado falar
em “ontem”, mas na escrita
temos de ser mais precisos, pois
escritor e leitor não partilham o
mesmo contexto.
Monitoração da linguagem: Monitorar a linguagem quer dizer prestar mais atenção ao que estamos falando ou escrevendo e cuidar mais de um planejamento mental em nossa exposição.
Relativismo cultural: postura adotada nas ciências sociais, inclusive na linguística, segundo a qual uma manifestação de cultura prestigiada na sociedade não é intrinsecamente superior a outra. Quando consideramos que as variedades da língua portuguesa empregadas na escrita ou usadas por pessoas letradas quando estão prestando atenção à fala não são intrinsecamente superiores às variedades usadas por pessoas com pouca escolarização, estamos adotando uma posição culturalmente relativa e combatendo o preconceito baseado em mitos que perduram em nossa sociedade.
Dificuldade de entendimento: sentimento de insegurança linguística.  
Cultura de letramento se constitui de práticas sociais que envolvem escrita ou leitura. Nas práticas sociais de letramento são realizadas eventos em que as pessoas estão lendo, escrevendo ou rememorando textos que leram anteriormente
Competência comunicativa: é a capacidade que qualquer indivíduo tem de produzir enunciados em sua língua, ajustando o seu discurso ao interlocutor e à situação de fala.
 Fizemos a  leitura das atividades do fascículo 7.
Atividade 1
Reflexão sobre monitoração da fala

Reflita sobre sua preocupação em monitorar a própria linguagem quando
está escrevendo e quando está falando. Em que circunstâncias você
procura monitorar-se mais? Entre os papéis sociais que você desempenha no
seu dia-a-dia, quais os que levam você a proceder a uma maior monitoração
de sua linguagem, especialmente nas interações orais: Como professor ou
professora? Como líder em uma comunidade religiosa? Como cliente em um
consultório médico? Como pai ou mãe em uma reunião na escola de seus
filhos? Como um técnico chamado a dar uma entrevista? Converse com seus
colegas sobre seu empenho em monitorar-se em certos modos de falar e de
escrever.

Ativiade 2
Pesquisa de situações comunicativas
Procure imaginar outras situações comunicativas em que um dos falantes pode
ter dificuldade para entender bem o que o outro está falando. Converse com
seus colegas sobre esses problemas de compreensão.

Atividade 3
Pesquisa sobre o emprego de palavras no plural
Preste atenção em sua própria fala e na fala de seus alunos em diversas
circunstâncias: conversas, leituras em voz alta, apresentação em sala de aula e
outras. Faça uma lista das palavras no plural que são pronunciadas sem a
marca de plural. Veja se há uma tendência no material que você coletou a se
marcar menos os plurais como “amigo-amigos”, “mão-mãos” do que os
chamados plurais irregulares, como “novo-novos”, “caminhão-caminhões”.
Observe também a ocorrência de palavras plurais escritas pelos alunos sem a
marca de plural. Planeje exercícios que você poderá usar em sala de aula
para ajudar seus alunos a se lembrarem de usar a marca de plural nos nomes
quando estão escrevendo ou têm necessidade de monitorar a fala.

Atividade 4
Pesquisa sobre a supressão de fonemas em final
de palavras e o reflexo disso na escrita
Observe na sua própria fala e na fala de seus alunos e colegas como é
freqüente a supressão do /r/ no final das palavras. Peça a um aluno ou a um
colega que leia um texto em voz alta para você. Vá anotando as palavras
terminadas em /r/ que forem pronunciadas sem o /r/. Anote também as que
forem pronunciadas com o /r/. Verifique depois se houve uma maior
ocorrência de supressão do /r/ nas formas verbais e nas palavras de mais de
uma sílaba. Depois dessa observação sobre a pronúncia, preste atenção aos
textos escritos pelos seus alunos e verifique se eles estão suprimindo a letra “r”
no final de palavras. Planeje fazer com eles um exercício chamando a atenção
para essa letra no final de palavras.


Atividade 5

Pesquisa sobre os antecedentes sociolinguísticos
e socioculturais dos alunos

Como vimos, é importante que o(a) professor(a) conheça os antecedentes
sociodemográficos de seus alunos: onde nasceram; em que comunidade estão
sendo criados; qual a profissão dos pais; se na família predomina uma cultura
oral ou se combinam no âmbito da família eventos de cultura oral e de cultura
letrada etc. Levando em conta esses tópicos e outros que você julgar
relevantes, faça um portfólio para cada aluno, com essas informações. Peça a
eles que tragam, se puderem, cópia da certidão de nascimento, e que façam
entrevistas com os pais, avós e outros parentes sobre a história de sua família. A
pesquisa que fizerem poderá ser apresentada oralmente e também por escrito.
Planeje outras atividades em sala de aula com esses textos orais e escritos dos
alunos.
Pesquisa sobre os antecedentes sociolinguísticos
e socioculturais dos alunos.



Realizamos ainda a socialização de experiências a partir das atividades propostas no fascículo 7.
Os(as) professores(as) poderão
mostrar que mesmo hoje em dia
temos “escribas”, isto é, pessoas
que sabem escrever e que
escrevem cartas ou outros tipos
de texto para quem não sabe.
Um bom exemplo disso nós
vemos no filme de Walter Moreira
Salles, “Central do Brasil” e
também no filme “Narradores de
Javé”, de Eliana Café.

Registrando Nossos Momentos - Quinta Vespertino - 25/08/2011

Socializando Experiências

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Diário de Bordo

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Dinâmica Amor e Vida

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O PORTA- FÓLIO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR REFLEXIVO - Benigna Maria de Freitas Villas Boas - UnB (maio/2001) - Professora da Faculdade de Educação da UNB (Universidade de Brasília)


O que é – Originalmente, o porta-fólio (portfólio) é uma pasta grande e fina em que os artistas e os fotógrafos iniciantes colocam amostras de suas produções as quais apresentam a qualidade e a abrangência de seu trabalho, de modo a ser  apreciado por especialistas e professores. Essa rica fonte de informação permite aos críticos e aos próprios artistas iniciantes compreenderem o processo em desenvolvimento e oferecerem sugestões que encorajem sua continuidade. Em educação, o portafólio apresenta várias possibilidades: uma delas é a sua construção pelo aluno. Neste caso, o portafólio é uma coletânea de suas produções, as quais apresentam as evidências da sua aprendizagem. É organizado por ele próprio para que ele e o professor, em conjunto, possam acompanhar o seu progresso.

Para que serve – para vincular a avaliação ao trabalho pedagógico em que o aluno participa da tomada de decisões, de modo que ele formule suas próprias idéias, faça escolhas e não apenas cumpra as prescrições do professor e da escola. Nesse contexto a avaliação se compromete com a aprendizagem de cada aluno e deixa de ser classificatória e unilateral. O portafólio é uma das possibilidades de criação da prática avaliativa comprometida com a formação do cidadão capaz de pensar e de tomar decisões.

Como construí-lo – Alguns princípios-chave orientam a sua construção:
-          O primeiro deles, como se percebe, é o da sua construção pelo próprio aluno, possibilitando-lhe fazer escolhas e tomar decisões.
-          Essa construção é feita por meio da reflexão, porque o aluno analisa constantemente as suas produções. Além disso, ele é estimulado a realizar atividades complementares, por ele selecionadas.
-          Esse processo favorece o desenvolvimento da criatividade, porque o aluno escolhe a maneira de organizar o porta-fólio e busca maneiras diferentes de aprender.
-          Enquanto assim trabalha, ele está permanentemente avaliando o seu progresso. A auto-avaliação é, então, um componente importante.
-          O trabalho pedagógico e a avaliação deixam de ser de responsabilidade exclusiva do professor. A parceria passa a ser um princípio norteador das atividades,
-          A vivência desse processo dá oportunidade ao aluno de desenvolver sua autonomia frente ao trabalho pedagógico. Ele percebe que pode trabalhar de forma independente e não ficar sempre aguardando orientação do professor. Forma-se, assim, o cidadão e o trabalhador capaz de ter inserção social crítica.
-          O trabalho com o porta-fólio tem início com a formulação dos seus propósitos, para que todos saibam claramente em que direção irão trabalhar. Poderá haver propósitos comuns ao grupo de aluno se outros criados por cada um deles, para que atendam seus interesses individuais.

Como avaliá-lo – É necessário que professores e alunos, em conjunto, definam os descritores (critérios) de avaliação, levando em conta, entre outros aspectos, os propósitos. Como os dois segmentos avaliam a construção do porta-fólio, ambos devem se basear nos mesmos critérios.

Considerações finais – A adoção adequada do porta-fólio favorece a prática da avaliação formativa, voltada para o desenvolvimento do aluno, do professor e da escola. Além disso, o seu uso permanente faz com que deixe de ser apenas um instrumento de avaliação e passa ser a própria organização do trabalho pedagógico da escola como um todo e da “sala de aula”.

“O portfólio é um procedimento de avaliação que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar o seu progresso”.
(Villas Boas, 2004, p. 38)

Vocabulário Crítico do livro Educação em Língua Materna - Ana Dilma de Almeida Pereira

Vocabulário Crítico do livro Educação em Língua Materna[1]: a Sociolinguística na
sala de aula (Bortoni-Ricardo, 2004), organizado pelos alunos do 1º semestre/2005
da disciplina “Ensino e aprendizagem da língua materna” do Curso de Pedagogia
da UnB, sob a orientação da Profa. Dra. Ana Dilma de Almeida Pereira (Pereira, 2008, p.69-72).

VOCABULÁRIO CRÍTICO

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em Língua Materna: a Sociolinguística na
sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.


Adequação linguística: É a forma de um falante utilizar sua fala, de acordo com
o momento e o ambiente no qual está inserido e seguindo as normas e os padrões
 definidos em sua cultura, podendo manifestar-se coloquialmente (por exemplo,
quando se encontra diante de pessoas conhecidas ou em momentos descontraídos),
ou formalmente (quando está diante de uma pessoa desconhecida ou em locais
 formais).

Assimilação: Este fenômeno linguístico acontece quando, numa sequência de sons
 parecidos, um deles assimila o outro, que desaparece. Ex.: falando – falanu.

Atributos de um falante: São aqueles que fazem parte da própria
individualidade do falante, como por exemplo: sua idade, sexo, status
socioeconômico, nível de escolarização etc.

Codificação linguística: Processo de padronização da língua estabelecido
pela imprensa, obras literárias e, principalmente, a escola. São fatores que,
ao longo do processo sócio-histórico, vêm influenciando os falares urbanos,
como a ortografia (definição do padrão correto de escrita), a ortoépia (do
padrão correto da pronúncia), da composição de dicionários e gramáticas.

Competência comunicativa: Conceito criado por Dell Hymes (1966) que
inclui as regras que orientam a formação das sentenças e as normas
sociais e culturais que definem a adequação da fala. Permite ao falante
 saber o que falar e como falar com quaisquer interlocutores em quaisquer
circunstâncias.

Comunidade de fala: Local onde convivem falantes de diversas variedades
 regionais.

Contínuo de monitoração estilística: Linha imaginária onde se situam
desde as interações totalmente espontâneas (menor monitoração) até
aquelas que são previamente planejadas e que exigem muita atenção do
 falante (maior monitoração).

Contínuo de oralidade-letramento: Linha imaginária onde se dispõem
os eventos de comunicação, conforme sejam eles eventos mediados pela
 língua escrita que são os eventos de letramento, ou eventos de oralidade
em que não há influência direta da língua escrita.

Contínuo de urbanização: É o contínuo onde podemos situar qualquer
 falante do português brasileiro, levando em conta a região onde ele
nasceu e vive. Em uma das pontas da linha imagina-se que estão
situados os falares rurais mais isolados. No pólo oposto, estão as
variedades urbanas que receberam maior influência dos processos
de padronização da língua. No espaço entre eles, está localizado o
grupo rurbano, formado de migrantes de origem rural que preservam
seus traços culturais, notadamente o repertório linguístico e as
comunidades interioranas situadas em núcleos semi-rurais.

Cultura de letramento: Cultura permeada pela leitura e escrita.

Cultura de oralidade: É predominantemente oral, observada,
 principalmente, no domínio do lar em relações permeadas
pelo afeto e informalidade.

Desnasalização: Fenômeno que ocorre em sílabas finais
átonas com travamento nasal; é a supressão da consoante
 (ou semivogal) de travamento nasal nas sílabas de padrão
 CVC (consoante/ vogal/ consoante). Ex.: virgem>virge,
homem>homi, fizeram>fizeru.

Domínio social: É o espaço físico onde as pessoas interagem
 assumindo suas obrigações e direitos que são definidos
pelas normas socioculturais existentes na sociedade.

Erros de português: São simplesmente diferenças entre
variedades da língua. Normalmente tais diferenças se
apresentam entre a variedade usada no domínio do lar,
onde prevalece uma cultura de oralidade e a usada na escola,
permeada pela leitura e escrita, isto é, por uma cultura de
 letramento. Ao estudar-se as tendências evolutivas da língua
 tem-se facilmente as explicações para os “erros” dos alunos
e nota-se claramente quão inadequada e preconceituosa é
a expressão.

Eventos de letramento: São eventos mediados principalmente
pela língua escrita. Os interagentes se apoiam em um texto
(escrito), que pode estar presente no ambiente da interação
ou pode ter sido estudado ou lido previamente.

Eventos de oralidade: Eventos de comunicação onde não
 há influência direta da língua escrita. A fala pode ser menos
ou mais monitorada, dependendo de três fatores básicos:
ambiente, interlocutor e tópico da conversa, conforme o
 alinhamento assumido diante deles, se de familiaridade ou não.

Fatores linguístico-estruturais: Fatores da própria língua,
tais como o ambiente fonológico em que o segmento que
está em variação ocorre, a classe da palavra, a estrutura
sintática. Em suma, os fatores linguísticos estruturais
podem ser, fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos,
 pragmáticos e até discursivos.

Fatores socioestruturais: Representam atributos estruturais
 de um falante: idade, sexo, status socioeconômico, nível de
escolarização etc. São atributos que fazem parte da própria
individualidade do falante.

Fatores sociofuncionais: Resultam da dinâmica das
interações sociais, influências obtidas tanto na rede social,
 com quem o indivíduo efetivamente interage, como no
 grupo de referência, com quem não interage fisicamente,
mas tem como modelo para sua conduta.

Grupos rurbanos: São formados pelos migrantes de
origem rural que preservam muito de seus antecedentes
culturais, principalmente no seu repertório linguístico, e as
 comunidades interioranas residentes em distritos ou
 núcleos semi-rurais, que estão submetidos à influência
urbana, seja pela mídia, seja pela absorção de tecnologia
 agropecuária.

Insegurança linguística: Ocorre diante de exagerada
 formalidade e rigor no uso da fala, no momento de
 transição entre o domínio do lar (com predominância
da cultura de oralidade) e o da escola (onde ocorre a
cultura de letramento). Acontece pela pressão
comunicativa criada na interação.

Monitoração linguística: Caracteriza-se pela
 observação atenta da linguagem. Uso de uma
linguagem mais cuidada. Ocorre tanto em
eventos de oralidade quanto de letramento.

Monotongação: É o processo de supressão da
semivogal nos ditongos, como em roupa>ropa, rouba>róba.

Neutralização: É a troca dos fonemas / r / e / l /
que configuram traços descontínuos, só
encontrados no pólo rural ou a neutralização
destes fonemas nessa posição pode caracterizar
um problema articulatório, que tem de ser tratado
por fonoaudiólogos.

Papel social: É um conjunto de obrigações e
 de direitos definidos por normas socioculturais.
 Eles se constroem no próprio processo de interação humana.

Pedagogia culturalmente sensível: Pedagogia que está
atenta às diferenças entre a cultura que os educandos
representam e a cultura da escola, e que mostra ao
professor como encontrar formas efetivas de conscientizar
educandos sobre essas diferenças.

Preconceito linguístico: Extrema valorização dos falares
 de maior prestígio, que alimentam rejeição e preconceito
em relação a outros falares.

Pressão comunicativa: Pressão exercida sobre o falante
 geralmente quando esse não se encontra à vontade num
 determinado domínio social por não dispor dos recursos
 comunicativos necessários.

Recursos comunicativos: São recursos gramaticais,
de vocabulário, estratégias retórico-discursivas que um
 falante precisa dispor para viabilizar seu ato de fala.
São adquiridos conforme o falante amplia suas experiências
 na comunidade onde vive, assumindo vários papéis sociais.
 Mas é, principalmente, a escola a responsável por ampliar
a gama de tais recursos, que possibilitarão ao falante atender
 às convenções sociais que definem o uso linguístico
adequado a cada gênero textual, a cada tarefa comunicativa,
a cada tipo de interação.

Repertório linguístico: São palavras e expressões
características da cultura do falante.

Rotacismo: Fenômeno que consiste na passagem do /l/
para /r/, como em: planta>pranta. É bastante estigmatizado
 na cultura urbana, pois tem maior ocorrência nos pólos
 rural e rurbano (migrantes do meio rural ou com grande
influência deste), caracterizando-se como traço descontínuo.

Saliência fônica: Baseia-se na constatação de pesquisadores
 para a tendência em empregar o plural nas formas verbais
fonologicamente mais salientes, isto é, quando a forma da
terceira pessoa do plural for muito distinta da terceira do
singular, há mais chance do falante em fazer a flexão. Quanto
maior for a diferença (saliência) entre as duas formas maior
 possibilidade de o falante realizar a flexão e quanto mais forem
semelhantes menor a probabilidade de se realizar a flexão.


Traços descontínuos: Caracteriza palavras e expressões
típicas dos falares situados no pólo rural e que vão desaparecendo
à medida que nos aproximamos do pólo urbano. Têm, portanto,
uma distribuição descontínua porque seu uso é descontinuado
nas áreas urbanas, não está presente em todo o “contínuo de
urbanização”, apresentando, por isso, alto grau de estigmatização
 nas comunidades urbanas.

Traços graduais: São traços que estão presentes na fala de
 todos os brasileiros e, portanto, se distribuem ao longo de
 todo o contínuo; têm uma distribuição gradual, dessa forma,
 não são estigmatizados.

Travamento silábico: No padrão CVC, é a segunda consoante
 que fecha a sílaba. São as consoantes que travam sílabas as
 que estão sujeitas a maior variação no português brasileiro,
pois tendem a ser suprimidas principalmente em estilos não
monitorados.

Variação linguística: Está diretamente relacionada à
diversidade linguística. A variação faz parte das línguas humanas.

Variação regional: São certas diferenças regionais também
chamadas dialetais, manifestadas mais na pronúncia de alguns
sons, no ritmo, na melodia e em algumas palavras.

Variante: Formas linguísticas diferentes que veiculam
o mesmo sentido.

Variedade regional/falar/dialeto: São os diferentes falares
presentes nas diversas culturas. Instrumento identitário,
isto é, um recurso que confere identidade a um grupo social.



Referência Bibliográfica:
PEREIRA, Ana Dilma de Almeida. A educação
(socio)linguística no processo de formação de
professores do Ensino Fundamental. Brasília,
2008. 284p. Tese (Doutorado em Linguística).
Departamento de Linguística, Português e
 Línguas Clássicas, UnB.


[1] A expressão educação em língua materna ressalta a importância de o professor, em sua prática pedagógica, adotar uma pedagogia que seja culturalmente sensível aos saberes dos educandos, estando atento às diferenças entre a cultura que eles representam e a cultura da escola. A educação em língua materna considera as diferentes formas efetivas de se conscientizar os educandos sobre essas diferenças, ampliando seus recursos comunicativos e, consequentemente, possibilitando-lhes o acesso a múltiplos letramentos. Ela visa uma pedagogia formativa, transformativa e crítica (Pereira, 2008, p.17).