domingo, 21 de agosto de 2011

RESUMO : TEORIAS DE APRENDIZAGENS - Márcia Regina Alves Gondim






[...] Que a aprendizagem seja uma extensão progressiva do corpo, que vai crescendo, inchando, não apenas em seu poder de compreender e de conviver com a natureza, mas em sua capacidade para sentir prazer, o prazer da contemplação da natureza, o fascínio perante os céus estrelados, a sensibilidade tátil ante as coisas que nos tocam, o prazer da fala, o prazer das histórias e das fantasias, o prazer da comida, da música, do fazer nada, do riso... Afinal de contas, não é pra isso que vivemos, o puro prazer de estarmos vivos?
                                                                             Rubem Alves



Márcia Regina Alves Gondim

Diferentes teorias influenciam o processo de aprendizagem, estruturando diferentes perspectivas sobre a educação. As teorias psicológicas refletem as variadas concepções de homem, de mundo e de sociedade, denotando olhares diferenciados sobre os sujeitos e sobre o processo de aprendizagem. Estas concepções estão nitidamente presentes nas mais variadas correntes que influenciam a organização do trabalho pedagógico. Cada teoria propõe caminhos diferenciados ao procurar compreender os processos de desenvolvimento e de aprendizagem.
As concepções sobre teorias de aprendizagens estão voltadas para explicações de como o processo de desenvolvimento e de aprendizagens ocorrem, derivando de pressupostos gerais a partir da ênfase dada na relação do sujeito com o objeto relacionadas nas abordagens abaixo.

Abordagem inatista (primado no sujeito): Baseia-se na idéia de que o indivíduo é pré-determinado biologicamente, e o ambiente tem pouca influência sobre seu desenvolvimento. Enfatiza os fatores maturacionais e herdados como constituintes do ser humano e determinante do processo de aprendizagem. A educação tem papel limitado nas modificações ou impactos no desenvolvimento humano e na aprendizagem. Nesta concepção o desenvolvimento é pré-requisito para a aprendizagem. Os problemas de sucesso e fracasso escolar dependem apenas do sujeito.

Abordagem empirista (primado no objeto): Denota responsabilidade ao ambiente nas questões do desenvolvimento humano. A experiência é fonte de aprendizagem. O sujeito nasce sendo considerado “tábula rasa” e suas experiências, constituídas pelo ambiente, caracterizam os aspectos psicológicos sociais, intelectuais, desenvolvimentais, e da aprendizagem. Os reflexos desta concepção na educação são visualisados pelo grande número de informações, programas educacionais e educação compensatória para crianças de classes populares, cujo acesso ao mundo letrado é bastante restrito. O pressuposto central é a transformação, correção e estimulação do sujeito feito através da transposição do sujeito para ambiente mais rico de estímulos e programado para favorecer a aprendizagem. A aprendizagem é confundida com memorização, repetição, fixação e cópia. Salientado a expressão oral ou escrita pelo uso programado das técnicas e metodologias. Nesta concepção o sujeito desenvolve-se porque tem capacidade para aprender.
Abordagem interacionista (primado na interação entre sujeito e objeto): A construção contínua do psiquismo do sujeito é respaldada por sua interação com o objeto, em forma circular. O organismo e o meio estão em uma interdependência, ressaltando o caráter em que esta interação provoca mudanças significativas no sujeito, que ao mesmo tempo transforma o meio e o conhecimento. Na interação do sujeito com o mundo físico e social o sujeito tem papel ativo perante a construção de seu desenvolvimento e de sua aprendizagem. A experiência e a aquisição de conhecimentos estão ligadas às relações do sujeito com o mundo. A educação exerce papel importante nos processos de desenvolvimento e da aprendizagem. O sujeito possui processo ativo na aquisição da aprendizagem e na construção do conhecimento, na co-experiência e na mediação com os outros.


TRÊS CONCEPÇÕES SOBRE O CONHECIMENTO ESCOLAR:

Cientificista conservadora: conhecimento pronto e acabado, transmitido aos alunos que não o detêm.  (professores acham que abrir discussão com os alunos é perda de tempo e não vencimento dos conteúdos)
Concepção espontaneísta: Nega e desvaloriza os conteúdos disciplinares, entendendo a escola apenas como espaço aquisição de conhecimentos e atendimento dos interesses imediatos dos alunos.

Essas duas visões possuem uma visão dicotômica do conhecimento escolar, fragmentando um processo que não pode ser fragmentado.

Concepção integradora: é uma concepção globalizante, pois permite aos alunos analisarem os problemas, as situações e os conhecimentos dentro do contexto e me sua globalidade, usando para isso os conhecimentos escolares e sua experiência sociocultural.

CONHECIMENTO:

De acordo com Leite (1996) estas concepções de conhecimento podem ser visualizadas em uma perspectiva compartimentada ou em uma perspectiva globalizante.


Perspectiva
compartimentada
Perspectiva
globalizante
Enfoque fragmentado, centrado na transmissão de conteúdos prontos.
Enfoque globalizador, centrado na resolução de problemas significativos.
Conhecimento como acúmulo da fatos e informações isoladas.
Conhecimento como instrumento para compreensão e possível intervenção na realidade.
O aluno é visto como sujeito dependente, que recebe passivamente o conteúdo transmitido pelo professor.
O professor intervém no processo de aprendizagem dos alunos, criando situações problematizadoras, introduzindo novas informações, dando condições para que eles avancem em seus esquemas de compreensão da realidade.
O conteúdo a ser estudado determina o problema.
O aluno é visto como sujeito, ativo que usa suas experi~encias e conhecimentos para resolver problemas.
O conteúdo a ser estudado determina o problema.
O aluno é visto como sujeito, ativo que usa suas experi~encias e conhecimentos para resolver problemas.
Há uma sequenciação rígida dos conteúdos da disciplina, com pouca flexibilidade no processo aprendizagem.
A sequenciação é vista em termos de níveis de abordagem e aprofundamento em relação às possibilidades dos alunos (contato, uso e análise)
Baseia-se, fundamentalmente, nos problemas e atividades apresentadas nas unidades dos livros didáticos
Baseia-se, fundamentalmente, em uma análise global da realidade.
Propõe receitas e métodos prontos, reforçando a repetição e o treino.
Possibilidades de os alunos estabelecerem suas próprias estratégias.





REFERÊNCIAS:
               
SOARES, Silvia Lúcia – Pedagogia de Projetos - Bases Pedagógicas do Trabalho Escolar – Seção 2 - Módulo VI- Volume 1- Universidade de Brasília- Faculdade de Educação - Cátedra Unesco de educação a Distância - PIE - Pedagogia para Professores em Exercício no Início de Escolarização - Em convênio com a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, 2003.

POLONIA, Ana da Costa; SILVA, Ângela Anastácio; SILVA Maria do Socorro; Brandão, Sumeire Aparecida – Contribuições da psicologia para a Educação. Seção 2 - Módulo IV - Volume 3 - Universidade de Brasília- Faculdade de Educação - Cátedra Unesco de educação a Distância - PIE - Pedagogia para Professores em Exercício no Início de Escolarização - Em convênio com a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, 2003.

GROSSI, Esther Pillar; BORDIN, Jussara. (orgs.) A Paixão de Aprender. Petrópolis. RJ: Vozes, 1992.

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