No dia 02 de agosto de 2011 recebemos a escritora Irandé Antunes. Recebemos um presente. Aliás, um presentão! Irandé Antunes é uma pessoa linda, de muita leveza, com idéias que se entrelaçam a nosso programa e muito divertida. A forma como ela expressa suas idéias nos faze acreditar que aprender está ligado a vida.
Algumas de suas reflexões que nos fazem pensar na mobilidade de nossa língua, em sua beleza e na linguagem como forma de interação.
Sistematizando...
A exploração das regularidades textuais por uma prática individual e socialmente mais significativa (IRANDÉ Antunes, UFPE)
· Sala de aula lugar de uma conversa temática
· Compreensão da concepção: Representação teórica para se pensar em mudança
· Não existe prática sem teoria
· Tudo o que fazemos na sala de aula tem a ver com a concepção que você tem
· Concepção de Língua na escola voltada para a gramática: relação com as ideias de erro e acerto
· Exploração: tentar compreender o texto
· Quando você entra no sentido do texto a terra é movediça (tem hora que é, tem hora que não é)
· A língua é sistemática, é constituída de um repertório, de regras
· Linguística: a respeito do texto não há regras: há certa instabilidade
· Regularidades estabilidades (Galo da Madrugada: “ Nóis sofre, mais nóis goza” - transgressão: visão de uma língua que se realiza na consonância de um contexto)
· Língua: criatividade que há nesse jogo de palavras ( EX: “Se toque , a cura do câncer pode estar em suas mãos” – Exemplo encontrado nos outdoors do Pará)
· Língua é viva
· Língua do dicionário, das gramáticas: as coisas estão mudando
· Escola precisa realizar um trabalho significativo
· A escola tem um papel social e um papel significativo
· Escola diferente: diferente no sentido de se avaliar esse mundo que é nosso, que é obra nossa.
· Escola precisa ter a consciência de seu papel social
· Esforço de algumas crianças para chegar a escola (esforço pra que?)
· Qual o significado social? Queremos uma escola que seja socialmente significativa.
· Vivemos um momento de apelos significativos ou não
· A favor de uma mudança na prática de ensino de línguas, sobretudo do ensino da língua materna.
· Consciência que a gente que é preciso mudar
· Todas as mudanças implicam:
o Mudança de perspectiva
o Mudança de concepção
· Mudar concepções sobre a língua implica ter outra visão de texto, de gramática, de leitura, de escrita, de acerto, de erro, etc.
· Implica saber descobrir como essas mudanças de perspectiva repercutem na prática de sala de aula.
· Que concepções de língua tenho?
· A língua é uma atividade;
· Uma ação
· Uma ação, uma forma de agir, uma forma de fazer alguma coisa
· Há sempre um fazer ligado a linguagem.
· Falar é praticar algum tipo de ação.
· Falar é agir
· Há sempre uma ação praticada no ato de falar.
· Existem muitas atividades no dia-a-dia que praticamos através da linguagem.
· Na sala de aula: “Drumonnd: “ A língua da escola não parece aquela língua que é falada na escola, não parece fazer parte da vida”.
· Língua só se realiza como prática social.
· A língua é uma prática social e está inserida nessa prática.
· Durante muito tempo a gente atribuiu à gramática um poder que ela não tem.
· A língua acontece na escola, não só na sala de aula de português.
· A língua perpassa toda a nossa vida. E todo nosso trabalho de apreensão do conhecimento
· A língua tem uma História que se confunde com a própria História do povo
· Por que a gente fala Português? Porque foram os portugueses que descobriram o Brasil e a língua portuguesa foi imposta por decreto
· O que aconteceu depois que os portugueses vieram para cá?
· O que distingue o Brasil é o pluriliguísmo
· É impossível pensar o Brasil com uma unidade linguística
· Ideal de uniformização linguistica foi ideal por muito tempo
· Mitos: língua melhor, pior, mais bonita, mais feia
· Idéias que entraram de maneira tal que é preciso muito trabalho.
· Temos dificuldades de aceitar certas diversidades
· Diversidade lingüística é pensada como Castigo: mas é uma riqueza
· Língua é interativa
· Fala só tem sentido se você está falando e o outro está acompanhando
· Fala: é uma atividade interacional, interativa, dialógica, responsiva
· A linguagem é responsiva: ninguém diz nada por acaso
· A língua tem uma inexorável funcionalidade: implica em “ter o que dizer” , em função de um objetivo qualquer
· A escola apaga essas idéias e trabalha com coisas abstratas
· Muita gente pensa que escrever é só uma questão de gramática
· Estudar nomenclatura e classificação não capacita ninguém pra escrever
· A gramática é necessária mais é insuficiente
· A gente não consegue perceber que é preciso ampliar o léxico (vocabulário)
· É preciso conhecer mais palavras e saber usá-las
· A língua é a marca de nossa identidade pessoal e de nossas identidades a culturais
· A língua do Brasil tem que ser coisa nossa: Português Brasileiro
· A língua nos dá possibilidade de dizer, de revelar , de partilhar de pertencer
· A língua é necessariamente textual e discursiva
· É preciso tornar a aula mais legitima e produtiva
· Fixação na frase depõe contra nossas bases teóricas
· 1950: Final da década: começaram a aparecer ideias de texto estudo do texto: a língua precisa ser estudada na sua natureza
· A língua nos permite entrar no fluxo ininterruptos do discurso humano
· A linguagem nos permite intertextualidade
· A língua é uma entidade complexa, ao mesmo tempo assistemática e imprevisível, fixa e mutável
· O mal é que a gente quer que as regras gramaticais de 1960 continuam valendo até hoje
· Regras gramaticais que foram consideradas exemplares no século passado podem não ser
· A língua não acaba
· A gente se habitua a ver o que é diferente como erro
· Ninguém vai querer que a língua pare no tempo
· A propósito de uma experiência:
· Vovó vai a vila.
· A pipa é do papai.
· O pião é do Dudu
· Lili caiu
· Ninguém fala desse jeito
· Se admitimos que a língua PE atividade interacional, funcional, histórica, política, interdiscursiva, situada no tempo cultural e no espaço de uma realidade cultural, o que pode acontecer em relação ao ensino?
· Oportunidade de dispertar as pessoas: de fazê-las acreditar que o mundo pode ser melhorado por eles.
O dia foi encerrado com uma sessão de autógafos intitulado: "Café com letras". Mais um dia de aprendizagem para todos nós acerca de lingua e suas concepções
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