TRAÇOS GRADUAIS* | |
Aférese ou supressão de um ou mais fonemas iniciais | está > tá; estava > tava; você > cê |
Síncope ou supressão de um fonema no interior da palavra | para > pra; xícara > xicra |
Apócope ou supressão de um fonema final, como o /r/ | correr > corrê; almoçar>almoçá; senhor > senhô |
Epêntese ou adição de um fonema no interior da palavra | ritmo > ritimo; decepção > decepição |
Ditongação das vogais "a" e "e", seguidas do fonema /s/ | Goiás > Goais; faz > faiz; vez > veiz |
Formação de grupos de força | de repente > derepente; por isso > porisso |
Monotongação do ditongo nasal "ão" na palavra ‘não’, que aparece em posição átona no grupo de força | não é > num é; não tem > num tem |
Supressão /s/ | nós fazemos > nós fazemu |
Elevação da vogal /e/ para /i/ | azeite > azeiti; leite > leiti |
Elevação da vogal /o/ para /u/ | comeu > cumeu; quando > quandu |
Monotongação de ditongos orais decrescentes | ouro > oro; beijo > bejo; caixa > caxa |
TRAÇOS DESCONTÍNUOS* | |
Prótese ou adição de um fonema no início da palavra | levantar > alevantar |
Epêntese ou adição de um fonema no interior da palavra ou hipercorreção | bandeja > bandeija; caranguejo > carangueijo |
Síncope ou supressão de um fonema no interior da palavra | número > numru; lâmpada > lãpda; porque > puque |
Metátese ou troca de posição de um fonema para melhor acomodação eufônica | estupro > estrupo; muçulmano > mulçumano |
Rotacismo ou neutralização - /l/ > /r/ | planta > pranta; bloco > broco; alto > arto |
Lambdacismo ou neutralização - /r/ > /l/ | garfo > galfo |
Supressão do /l/ em palavras oxítonas | carnaval > carnavá |
Desnasalização de sílabas finais | homem > homi; fizeram > fizeru |
Nasalização de sílabas iniciais | identidade > indentidade |
Assimilação de um fonema sobre o outro | falando > falanu; também > tamém |
Supressão do ditongo crescente oral na sílaba final | meio > mei; veio > vei; |
Uso do morfema (-im), em substituição a (-inho) | geladinho > geladim, beijinho > beijim |
Concordância não-redundante, tanto nominal quanto verbal | nós estávamos > nóis tava; nas bicicletas > nas bicicleta |
Vocalização da consoante lateral palatal /lh/ ou despalatalização | mulher > muié; velho > véio; galho > gaio |
* De acordo com Bortoni-Ricardo (1998), ao propor os contínuos para análise do português brasileiro, os traços graduais da linguagem estão presentes na fala de todos os brasileiros e, portanto, se distribuem ao longo de todo o contínuo de urbanização. Enquanto os traços descontínuos são próprios dos falares situados no pólo rural e vão desaparecendo à medida que se aproximam do pólo urbano. Ou seja, seu uso é descontinuado nas áreas urbanas, recebendo, dessa forma, maior carga de avaliação negativa das comunidades urbanas. É preciso levar em consideração que, no contínuo de urbanização, não existem fronteiras rígidas que separem falares rurais, rurbanos ou urbanos. Para aprofundamento dessa questão, sugerimos a leitura do livro Educação em língua materna: a sociolingüística na sala de aula de Stella Maris Bortoni-Ricardo, publicado pela Editora Parábola em 2004.
Contribuições valiosíssimas a desse quadro. Na verdade, ao identificarmos as regras podemos observar que elas fazem parte do cotidiano da sala de aula, seja na oralidade ou na escrita. E, não só lá, mas também em outros espaços. Esse quadro nos ajuda a ampliar nossos conceitos em relação ao trabalho com a ortografia, além de conduzir melhor nosso olhar sobre variação linguística.
ResponderExcluirAbraços, Elissandra
Querida,
ResponderExcluirQuando percebemos a relação entre os modos de falar e os modos de escrever podemos identificar as "transgressões ortográficas" realizadas por nossos alunos, em suas produções escritas, e assim encontrarmos caminhos para que possamos intervir no processo de aprendizagem e construção da competência comunicativa escrita. Assim poderemos pensar nas práticas de letramento como forma de ascensão social. bjs no coração
Mar
Ótimo!
ResponderExcluir