domingo, 31 de julho de 2011

Memórias 12: Data: 26 e 28/07/2011: O olhar da tutora


Iniciamos o encontro com a leitura do Diário de Bordo, que tem por objetivo: registrar, retomar, refletir, avaliar em perspectiva de ação-reflexão-ação. Em seguida realizamos a dinâmica: “A linguagem dos macacos” que tem por objetivo: verificar a habilidade de comunicação entre sujeitos sem utilização da fala. A situação proposta: dois grupos de primatas deveriam demarcar o território, negociar o alimento e fazer um acordo de paz, sem uso das palavras. Ao final os participantes explicitam suas sensações,  associando aos conceitos estudados no fascículo Modos de Falar /Modos de Escrever voltando o olhar para a fala, o desenvolvimento da oralidade e do processo de oralização. Em seguida trabalhamos com os conceitos de oralidade, oralismo e oralização que de acordo com Bortoni-Ricardo significa: 
  • Oralidade é a manifestação da língua, pela via oral, ou seja, pela produção de sons da  fala. As línguas que não são ágrafas se manifestam pela oralidade e pela escrita.
  • Oralismo é o método de ensino para surdos.
  • Oralização é o ato de produzir a fala, pela via oral.
  • (BORTONI- RICARDO, 2011)
Assistimos, ainda  aos vídeos Cauã da TV Piá que nos traz um exemplo de oralidade , Cauã com 8 meses e Camila com 8 meses mostrando na prática os conceitos de oralidade e de  oralização.
Sistematizamos por meio de power point os conhecimentos com o eixo da oralidade:
Sistematizando:
Desenvolvimento da Oralidade
Organização: Márcia Regina Alves Gondim
       Um ponto que só há pouco tempo passou a integrar as responsabilidades da escola: o desenvolvimento da língua oral dos alunos
       Só recentemente a Linguística e a Pedagogia reconheceram a língua falada, de importância tão fundamental na vida cotidiana dos cidadãos, como legítimo objeto de estudo e atenção.
       Incorporada nos documentos oficiais de orientação curricular
       Coexistem, em nossa sociedade, usos diversificados da Língua Portuguesa.
       É justo e necessário respeitar esses usos e os cidadãos que os adotam, sobretudo quando esses cidadãos são crianças ingressando na escola.
       Os alunos falantes de variedades lingüísticas diferentes da chamada “língua padrão”, por um lado, têm direito de dominar essa variedade, que é a esperada e mais aceita em muitas práticas valorizadas socialmente; por outro lado, têm direito também ao reconhecimento de que seu modo de falar, aprendido com a família e a comunidade, é tão legítimo quanto qualquer outro e, portanto, não pode ser discriminado.
       Incorporada nos documentos oficiais de orientação curricular
       Coexistem, em nossa sociedade, usos diversificados da Língua Portuguesa.
       É justo e necessário respeitar esses usos e os cidadãos que os adotam, sobretudo quando esses cidadãos são crianças ingressando na escola.
       O Quadro 5 e os verbetes que se seguem apontam algumas capacidades relativas à língua falada que é preciso desenvolver nos alunos, para possibilitar a todos a plena integração na sociedade.


1.  Participar das interações cotidianas em sala de aula, escutando com atenção e compreensão, respondendo às questões propostas pelo(a) professor(a) e expondo opiniões nos debates com os colegas e com o(a) professor(a)
       Formar cidadãos aptos a participar plenamente da sociedade em que vivem começa por facultar-lhes a participação na sala de aula desde seus primeiros dias na escola.
       Contribuir para que eles possam adquirir e desenvolver formas de participação consideradas adequadas para os espaços sociais públicos.
       A sala de aula é um espaço público, de uma instituição pública, que tem seu modo peculiar de se organizar.
       Entre as regras de convivência dessa instituição estão as que se referem à participação nas interações orais em sala de aula.
       Outras instituições sociais também têm suas regras de convivência e de participação nas interações orais: na igreja, na cooperativa, no sindicato, na empresa, na fábrica, no escritório, não se fala de qualquer jeito nem na hora que se bem entende, sem esperar a própria vez, sem respeitar a fala do outro.
       É importante desenvolver a capacidade de interagir verbalmente segundo as regras de convivência dos diferentes ambientes e instituições
       Nos três anos iniciais do Ensino Fundamental, os alunos devem aprender a escutar com atenção e compreensão, a dar respostas, opiniões e sugestões pertinentes nas discussões abertas em sala de aula, falando de modo a serem entendidos, respeitando colegas e professores(as), sendo respeitados por eles
       Além do jogo de pergunta e resposta e da discussão, normalmente empreendidos nas atividades de interpretação de textos lidos, outras situações devem ser implementadas para incentivar a participação oral dos alunos: organização da rotina diária, produção coletiva de textos, decisões coletivas sobre assuntos de interesse comum, planejamento coletivo de festas, torneios esportivos, a “rodinha” e outros eventos
       O sombreamento e as letras inseridas nas quadrículas do Quadro 5 relativas a essa capacidade básica do uso público da língua falada indicam a sugestão de que se deve começar a cuidar dela desde o primeiro dia de aula e continuar trabalhando sistematicamente, buscando sua apropriação permanente pelos alunos.
2.Respeitar a diversidade das formas de expressão oral manifestas por colegas, professores e funcionários da escola, bem como por pessoas da comunidade extra-escolar
       Faz parte da formação linguística do cidadão
       Reconhecer a existência das diversas variedades da língua, exigir respeito para com a maneira de falar que aprendeu com sua família e seus conterrâneos, mas também, em contrapartida, saber respeitar as variedades diferentes da sua.
       Esse aprendizado que envolve atitudes e procedimentos éticos também deve ser desenvolvido na sala de aula, pelo professor ou pela professora, por meio de exposições e argumentações, do estímulo ao respeito mútuo, mas, sobretudo, pela própria atitude respeitosa assumida diante dos alunos.
       Dada a importância desse conhecimento atitudinal, sugere-se, no Quadro 5, que ele seja introduzido desde os primeiros dias de aula e seja mantido em foco por todos os anos da Educação Fundamental, de modo a ser efetivamente dominado pelos alunos.
3. Usar a língua falada em diferentes situações escolares, buscando empregar a variedade
linguística adequada
       Na convivência social, é importante saber qual variedade linguística usar em diferentes situações.
       Não se fala sempre do mesmo jeito, em todas as circunstâncias. (Numa festa familiar, numa conversa descontraída, falar bem é usar o dialeto cotidiano, de uma maneira coloquial.)
       Numa reunião de trabalho com o chefe e os colegas, numa discussão com outros membros da associação comunitária, falar bem é saber expor a própria opinião com clareza e educação, numa linguagem mais cuidada que a de uso caseiro.
       Saber adequar o modo de falar às diferentes interações é uma capacidade linguística de valor e utilidade na vida do cidadão e por isso é que deve ser desenvolvida na escola.
       Além das que foram apontadas no verbete sobre a participação cotidiana na sala de aula, muitas outras situações didáticas podem ser criadas para possibilitar aos alunos a aquisição da sensibilidade e da flexibilidades necessárias a essa capacidade. O importante é propor atividades diversificadas, de modo que, em algumas, como narrar casos e histórias da cultura popular, será adequado o uso da variedade coloquial cotidiana; em outras, como expor oralmente o resultado de trabalhos individuais ou feitos em grupo, será necessário adotar uma linguagem mais cuidada. Um procedimento relativamente usual e que pode ser útil para o desenvolvimento da fluência e adequação da língua falada das crianças é solicitar-lhes que dêem avisos ou recados para professores ou alunos de  outras turmas
4. Planejar a fala em situações formais

       Há situações sociais em que, mais do que cuidar deliberadamente da linguagem falada no decorrer da interação, é preciso se preparar para falar adequadamente.
       São situações públicas e formais, em que muitas vezes é necessário ter controle sobre o tempo de fala, fazendo exposições concisas e bem organizadas.
       As capacidades necessárias para se ter sucesso nessas circunstâncias também podem ser desenvolvidas na escola, a partir de propostas lúdicas, interessantes e envolventes. Por exemplo: simulação de jornais falados, entrevistas e debates na TV e no rádio; realização de entrevistas com pessoas da comunidade escolar ou extra-escolar; apresentações em eventos escolares que envolvam outras turmas e até outros turnos (festas, torneios esportivos, desfiles, sorteios, campanhas). Nesses casos, o professor ou a professora deverá orientar os alunos no planejamento da fala, oferecendo e discutindo roteiros e critérios de avaliação e auto-avaliação, sugerindo o uso de recursos auxiliares que podem facilitar a compreensão dos ouvintes, como cartazes, figuras, transparências em retroprojetores. O sucesso, nessas circunstâncias, está muito relacionado à capacidade de levar em conta, adequadamente, no planejamento, os objetivos de quem fala, as expectativas e disposições de quem ouve, o ambiente em que acontecerá a fala.
5. Realizar com pertinência tarefas cujo desenvolvimento dependa de escuta atenta em compreensão
       O desenvolvimento da oralidade inclui não apenas a capacidade de falar mas também a capacidade de ouvir com compreensão.
       Essa capacidade é crucial para a plena participação do cidadão na sociedade: é preciso saber ouvir e entender os jornais da TV e do rádio, as entrevistas e declarações de políticos e governantes, as demandas explicações de companheiros e superiores no trabalho.
       Quando o aluno acompanha a aula e compreende o que professores(as) e colegas falam, já está exercitando essa capacidade. Mas há possibilidades de orientá-la e desenvolvê-la especificamente em sala de aula, por exemplo, lendo em voz alta textos diversos, de cuja compreensão dependerá a realização de tarefas como fazer um resumo, responder um questionário, jogar determinado jogo, superar algum obstáculo numa gincana, montar ou fazer funcionar um aparelho, etc.







       Referências:
       Pró-Letramento: Programa de Formação continuada de professores os Anos/Séries Inicias do Ensino Fundamental: Alfabetização e Linguagem. Ed. Ver. E ampl. Incluindo SAEB/Prova Brasil matriz de referência/Secretaria de educação Básica – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica.2007.

         Encerramos o dia com os vídeos: “Chico no Shopping”  e com o vídeo: “Na roça é diferente” Analisamos os estilos de vida do Chico Bento nos dois vídeos. Refletimos sobre o processo de exclusão social, relativismo cultural, as variáveis do Português Brasileiro, monitoração  e adequação da fala, competência comunicativa e competência linguística.  Foi mais uma linda experiência em que socializamos vivências, partilhamos conhecimentos e aprendemos muito.

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